

Transcorria o ano 714 e os invasores se aproximavam da capital. O povo cristão, desesperado, reuniu-se em torno da Virgem para suplicarem auxílio. Entretanto, a vila não dispunha de recursos suficientes para resistir. Surge, então, um problema: o que se faria com a tão venerada imagem para preservá-la da destruição? Decidiram escondê-la num vão da muralha da cidade. Confiantes de que poderiam resgatá-la mais tarde, assim fizeram.
Os vitoriosos, certos de que permaneceriam para sempre na vila, transformaram a capela em mesquita. Trezentos e sessenta e nove anos depois, D. Alfonso VI, rei de Castela, auxiliado pelo célebre D. Rodrigo Díaz de Bivar, El Cid Campeador, derrotou os mouros em Toledo, tornando viável a reconquista de Madri, o que aconteceu pouco depois.

Após a celebração da missa, o cortejo começou a percorrer a vila, em piedosa investigação. Mas ninguém encontrou nada. O desânimo tomou conta de todos.

D. Alfonso VI quis que ela passasse a se chamar Santa Maria la Real de la Almudena, por haver permanecido tantos séculos escondida em um local da muralha perto do almudin (mercado ou armazém) que os mouros ali haviam instalado. A Santíssima Virgem foi ainda proclamada Padroeira de Madri.

Novo assalto ocorreu vinte anos depois. Os sarracenos usaram a mesma tática: sitiaram a cidade esperando a sua rendição por causa da fome. Quando já não havia o que comer, uns meninos que brincavam junto à igreja, abriram um pequeno buraco num de seus pilares. Por ele começou a escorrer um pó branco que se verificou ser farinha de trigo de excelente qualidade. Derrubaram então uma parte da parede lateral da igreja, onde o pilar se encostava e descobriu-se aí um silo desconhecido. O trigo era tão abundante que os espanhóis jogaram parte dele sobre os mouros, exibindo fartura, para que perdessem a esperança de vencê-los pela fome. Os mouros, uma vez mais, bateram em retirada.

A milagrosa imagem é esculpida em madeira odorífica, que lembra os cedros do Líbano. A pintura é tão consistente que mesmo os desgastes naturais do tempo não conseguiram deteriorá-la. Uma particularidade surpreende, comprovada historicamente: é impossível conseguir-se fazer uma cópia idêntica ao original. Muitos artistas tentaram reproduzi-la, mas confessaram seu fracasso.
No dia 29 de agosto de 1640, instituiu-se na igreja de Santa Maria a "Esclavitud de la Virgen de la Almudena", constituindo-se seu primeiro escravo o próprio Rei, D. Felipe IV, no que foi seguido por seus sucessores. Nossa Senhora da Almudena é uma das nove imagens objeto de devoção das Rainhas da Espanha. Estas, quando estão para dar a luz, costumam visitar tais imagens quando suplicam a Maria Santíssima a graça de um bom parto.

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